sábado, 28 de agosto de 2010

O voo da borboleta


Observa o voo da borboleta. Voa rápido, mas subitamente para um segundo numa flor. Delicada, beija-a mansamente. O sol brilha nas asas coloridas. Somos felizes enquanto observamos o voo da borboleta.
Observa agora a flor que foi tocada pela borboleta. Ainda treme devido ao pouso em suas pétalas. Somos felizes enquanto observamos a flor.
Agora observa o resto do jardim. Há muitas borboletas pousando aqui e lá. Não tenha pressa e coloca a sua cadeira na sombra da pitangueira.
Enquanto estamos neste quintal, o mundo se perde lá fora. Alguém morre em segundos, bombas explodem em segundos, árvores caem em segundos, corpos se mutilam em segundos.
A tristeza dura mais que a alegria, o desamor mais que a presença, a dor mais que a cura, o grito mais que a calma.
Mas e a borboleta? Tente se aproximar daquela borboleta mais vistosa. Tente tocá-la. Alguns segundos ainda restam. Linda, leve, perfeita e ... contemple agora as asas da borboleta se distanciando de suas mãos. Não foi possível pegá-la, mas ainda é possível sentir a sensação da liberdade no ar deixada pela borboleta.
Não há, neste instante, mais borboletas no jardim, porém ainda há um quintal com flores. A felicidade assim como a borboleta, também possui cor, leveza, alegria e aparece apenas por alguns segundos para nos distrair da vida estática.
Talvez amanhã, quando o dia chegar ainda haja tempo para observarmos o voo da borboleta, a cadeira vazia ainda continua lá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário