quarta-feira, 27 de julho de 2011

Melodia Sentimental

Composição: Heitor Vila-lobos / Letra: Dora Vasconcelos

Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar

As asas da noite que surgem
E correm no espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar

Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor

Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor e sonhar







terça-feira, 19 de julho de 2011

A Deus


Houve um tempo em que as borboletas pousavam em minhas mãos, mas eu não as via. Houve um tempo, em que deixei morrer flores em meu jardim, porque elas eram invisíveis para mim.
Certas coisas nos escapam em determinadas épocas, sem que percebamos. Pensando bem, não são as coisas que nos escapam , nós é que escapamos delas.
Assim também, escapei de Deus por um longo tempo. Lembro como foi, ganhei um quarto só para mim e convidei Deus a entrar nele. Tínhamos longas conversas. Chorava e ria com Ele, todos os dias. Precisei sair do quarto e tranquei Deus lá. Não foi ele quem escapou de mim, eu é que escapei dele. Como querendo encontrá-lo novamente, sentei em bancos de igrejas, passei a ouvir sermões vazios, devorava trechos da biblia que nada diziam para mim.
Escapei das lembranças dos avós. Tranquei histórias antigas nos navios escuros da imigração.
Houve um tempo em que a morte me visitava e eu me escondia dela nas cabanas de cobertas.
Hoje, depois de tantos anos, destranquei Deus e comecei a ver borboletas no jardim. Passo horas observando o contorno das flores, as cores, as formas, o cheiro e vejo Deus nessas coisas tão simples e tão perfeitas.
A morte voltou a me visitar, mas algo mudou em mim, pois quando ela vem, jogo as cobertas para o alto e ela acha graça, resolve me dar mais umas medidas imprecisas de tempo.
Deus tem me arrastado para algumas descobertas, porém meus olhos ainda não conseguem ver. Agora, ele resolveu me colocar em um ônibus velho, sozinha, numa estrada de terra, sol ardente. Viagem sem volta, porque o tempo não nos permite voltar nunca.
Neste momento, estou nesta estrada. É inverno. O dia está quente com uma brisa suave. É julho de 2011. As únicas certezas: sou um corpo físico solitário, Deus me acompanha e a morte está acampada em algum lugar da estrada. Em outra época, eu choraria, mas hoje , eu rio olhando pela janela a paisagem à beira da estrada.


sábado, 16 de julho de 2011

Flores em mim



Cansei de ser humana
preciso ser pétala


sábado, 9 de julho de 2011

Quando vem a lua cheia


Quando a lua cheia desce sua vontade sobre a terra
em algum lugar
um coração bate mais forte
teimando em acreditar
que ainda existe amor em outro coração
E quando a lua brilha
pela fresta da janela
o chão escuro e frio
sente pratear sua vontade
de não ser mais chão
e sim nuvem
perdida na imensidão

Quando vem a lua cheia,
todas as outras luzes se aniquilam
e por instantes
ainda se espera
poder ser única
entre a chegada e a partida