sexta-feira, 25 de junho de 2010

Hoje


Hoje acordei fechando portas. Há sempre uma porta atrás de nós, aberta para o nada, que serve tão somente para nos engolir na escuridão.
Hoje acordei procurando os pássaros. Fiquei instantes achando que estava morta, porque não ouvia os pássaros.
Hoje acordei gritando e correndo na estrada. Há sempre uma estrada à nossa espera.
Hoje dei murros no espelho e ignorei altiva minhas marcas de expressão, algumas tão incertas como incertos são os pensamentos falsos.
Hoje, tão somente hoje, vi escorrer uma lágrima no ralo da pia. Foi-se para onde?
Hoje pus pontos finais nos assuntos inacabados, dei saltos nas encostas da surdez.
Hoje fui eu e esmaguei nas janelas, os fantasmas perdidos dentro de mim.

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