sábado, 2 de abril de 2011

Cadeiras


Chegou a mim, certa vez, com duas cadeiras nas mãos. Como não havia espaço no quarto, colocou-as no quintal.
Passaram-se dias e as cadeiras permaneciam ali, debaixo da floreira.
Às vezes, nas minhas corridas pela sala, olhava pela porta as cadeiras isoladas no quintal.
Nunca gostei de cadeiras, ainda mais em par, parecia-me haver um diálogo invisível, do qual eu nunca conseguia participar.
Um tempo depois, sem que eu permitisse, ele invadiu o meu quintal, trazendo mais duas cadeiras. Pânico total! Não, eu não poderia conviver com mais cadeiras. Havia aprendido a construir silêncios a minha volta.
Naquele mesmo dia, transpus as cadeiras para o outro lado do muro e tranquei o portão.
Quem gostasse de cadeiras que se servisse. Eu continuaria no mesmo lugar, com um quintal vazio a minha espera.

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