Não sei se a morte canta ou encanta, se sussurra ou esbraveja, o fato é que numa tarde clara e tranquila do mês de julho, sentou-se ao meu lado num café, com uma xícara vazia, como o fundo de seus olhos. Não trazia nenhum capuz preto, nem um olhar torturante e semblante imponente. A expressão era de calma e pensamentos perdidos. Sua cor era indefinida entre um tom de cinza e verde, cor sem brilho, opaca. Seus dedos prostraram-se sobre a borda da xícara sua cabeça virava mansamente de um lado ao outro. Enquanto o café queimava minha boca, meus dedos congelavam na página do livro que lia.
Uma cena normal, diria qualquer um que visse duas mulheres tomando um café, ou quase isso, numa tarde do mês de julho, mas somente um bom observador, seria capaz de ver que, naquele momento, somente duas coisas se moviam: a fumaça do café e a cabeça da mulher. Em segundos, nossos olhos se encontraram. Foi com um ar de desalento e descuido, que ela me ignorou e sumiu.
Não sei se eu a enganara ou se ela me excluíra do seu programa triste, daquele incomum entardecer de inverno.
Não sei se eu a enganara ou se ela me excluíra do seu programa triste, daquele incomum entardecer de inverno.
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