Quando eu era criança tinha a mania de estranhamento. Às vezes andava pela rua e estranhava as casas, pareciam coisas de outro mundo. Como as paredes podiam esconder pessoas, pensamentos, sentimentos? O mundo nessas horas parecia abandonado, e eu pensava para que servem as pessoas? Então, começava a estranhar as pessoas, os jeitos, as vozes, os cabelos as roupas e eu parecia não pertencer a terra, me sentia um visitante que iria partir a qualquer hora.
Passei a estranhar o silêncio. O silêncio era um fundo escuro e profundo que engolia tudo. A noite era longa nessas horas e eu ouvia o silêncio dialogando com a escuridão.
Em outros momentos eu me via bem pequena e o mundo gigante. Tentava tocar as coisas, mas elas pareciam muito, muito distantes de mim, parecia que eu não existia em corpo físico.
Estranhava as estrelas e o céu escuro. O céu cairia a qualquer hora sobre minha cabeça. E como a terra, era terra, se era ar?
Esses estranhamentos todos cresceram junto comigo, tomaram outras formas, passaram a ocupar outros espaços, mas a sensação desta vida ser estranha a mim nunca me abandonou.
Estranhava as estrelas e o céu escuro. O céu cairia a qualquer hora sobre minha cabeça. E como a terra, era terra, se era ar?
Esses estranhamentos todos cresceram junto comigo, tomaram outras formas, passaram a ocupar outros espaços, mas a sensação desta vida ser estranha a mim nunca me abandonou.
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