quinta-feira, 19 de março de 2009

Primeira lição de poesia


Depois do temporal a fina e delicada gota que escorre da rosa púrpura é poesia?
E o sol queimando a terra cansada, sentida, sem vida é poesia?
A poeira rodopiando na ciranda do vento é poesia?
Com certeza, para muitos, essas seriam simplesmente cenas banais do dia a dia, mas a primeira e soberana de todas as lições sobre poesia é: observar através dos sentidos as imagens que nos cercam.
O cheiro bom do café quente coado ao amanhecer, há de despertar no viajante saudade de sua terra, da casa da avó, da distante infância e de emoções que não farão mais parte de sua vida. Isso é poesia.
O barulho do trem perdido na estrada de ferro, carregando bichos, pessoas, sonhos, provocando encontros e despedidas, também é poesia.
O gari que varre a rua, sob o sol do meio-dia; a dona de casa que ensaboa a roupa na mesma rotina torturante e o trabalhador que luta por dignidade também refletem o sentido poético.
A poesia é a arte de criar imagens e sugerir emoções, portanto estamos rodeados de poesia, pois cada um reinventa as suas sensações a todo instante.
Quem diz que não gosta de poesia, ainda não percebeu que a faz sempre, sutilmente, através do riso e da dor, da vontade de viver e do medo de morrer, do grito de revolta e do silêncio adormecido.
A princípio somos todos poetas. O que diferencia o poeta menor do poeta maior, é que enquanto um para na ponta da ponte e fica ali estático com o sentimento recolhido, o outro se joga no abismo, e vai engolindo, sentindo, metamorfoseando as suas emoções.
Aqui fica, então, a primeira lição sobre poesia. E qual será a segunda? Com certeza, terá a resposta aquele que tiver a simplicidade e a paciência de olhar para tudo infinitamente como se fosse a primeira vez.

Marli Pizzi

2 comentários:

  1. Nossa Marli, criando poema social, se permitir vou usar em minhas aulas de geo.
    bjs e parabéns.

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  2. Marli,a lição sobre poesia que fica para mim é refletir sobre essa vida louca que levamos, passamos por ela sem perceber as pequenas e belas coisas do cotidiano, sem a necessária "simplicidade e a paciência de olhar tudo como se fosse a primeira vez"

    Parabéns , bjs.

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